sem vontade...

...de fazer seja o que for, ando cansada, doente, triste, desiludida, e para piorar a coisa esta a chover torrencialmente, só me apetece estar enroscada á manta e deitada no sofá á beira da lareira...
Estes meus dias andam mesmo cinzentos o que me vale é o meu feijoca, que esta cada vez mais maravilhoso, fala que nem um papagaio, repete tudo o que dizemos.
Um dia destes ao fim de o ver todo mordido das melgas saiu-me uma asneirola da boca e qual não foi o meu espanto quando ele logo de seguida a repete. Fiz de contas que não ouvi, não lhe dei importância, nunca gostei de miúdos que dizem asneiras, e vou fazer de tudo para que o Afonso não pertença ao grupo.
Esta um reguila, goza comigo ao máximo, faz de contas que me vem abraçar e puxa-me o cabelo, faz-me caretas, assim que se levanta da cama pega no primeiro calçado que vê e pede para calçar, não posso andar descalça que ele barafusta comigo e vai buscar calçado meu, sempre que recebemos visitas é uma festa para depois irem embora porque ele faz birra, gosta de ter a casa cheia.
Continua a fazer birra para comer a sopa, e deixou de ter medo do lobo mau, continua a manter a sua grande paixão por a mota de cross. Tenta comer sozinho mas no raio de 2 metros fica uma esterqueira, eu digo "vamos dormir, vamos tomar banho" e ele vai direitinho ao sitio, peço-lhe para ir colocar algo no lixo e ele vai, a banana e o pão continuam a ser o alimento predilecto.
É um verdadeiro vaidoso, sempre que lhe digo estas "lindo" começa a caminhar e a olhar-se todo, já começa a dar beijinhos a outras pessoas sem sermos nós, mantém a grande paixão pelos avós, todos os dias pergunta pelo tio e pela tia, adora dançar basta ouvir musica e aquele corpo pequenino só na rebola no chão de resto mexe-se por todo o lado, sempre que vê brinquedos agarra-se a algum e diz "é meu" e tem que o trazer, sempre que lhe compro roupa e experimento é um martírio para depois a tirar... no fundo esta fantástico, esta um homem pequenino, que já me faz imensa companhia, com quem eu me derreto toda, e me faz feliz...
Confesso que não sou uma esposa derretida, nem muito romântica, nem de andar todos os dias a dizer "amo-te", mas isso faz parte de mim, quem me conhece sabe que sou assim, como costumo dizer "eu, sou eu" além de ser muito extrovertida, os sentimentos guardo-os comigo e as vezes até sou fria, mas neste momento sinto-me tão sozinha, que se não fosse este meu filho que me enche de amor todos os dias, já me tinha metido num avião e tinha ido até terras africanas.
Sinto-me sozinha, numa terra que não é a minha, onde não tenho ninguém a não ser a minha sogra, mas que também tem a vida dela, trabalho com pessoas com as quais não simpatizo, onde só existe relação profissional e é aqui onde vivo os dias mais cinzentos da minha vida, onde todos os dias risco um dia no calendário e nunca mais chega o dia do J. voltar...
O tempo condiz mesmo com o meu estado de alma e só o meu filho, o meu tesourinho é que me arranca mesmo um sorriso sincero.